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OPERAÇÃO "VÍRUS" – CONTRATOS EMERGENCIAIS SOB SUSPEITA NA PREFEITURA DE VOLTA REDONDA/RJ

Publicação: 07/04/2025 Status: Em investigação Empresários, agentes públicos da gestão anterior e empresa contratada para serviços hospitalares durante a pandemia.
OPERAÇÃO "VÍRUS" – CONTRATOS EMERGENCIAIS SOB SUSPEITA NA PREFEITURA DE VOLTA REDONDA/RJ

Contextualização do Caso

Em 26 de março de 2024, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Vírus, com o objetivo de apurar indícios de fraude em contratos de dispensa de licitação realizados pela Prefeitura Municipal de Volta Redonda/RJ durante a pandemia de Covid-19. O foco da investigação é a contratação direta de empresa para instalação de equipamentos hospitalares em unidade de campanha, no valor de R$ 1,6 milhão.

Segundo a PF, foram identificadas irregularidades formais nos documentos de contratação, como direcionamento contratual, uso de empresas de fachada e indícios de superfaturamento. A investigação foi iniciada a partir de denúncia anônima em 2020, e aponta para crimes como fraude à licitação, associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em seis municípios do Rio de Janeiro, incluindo Volta Redonda, Rio Claro, Pinheiral, Barra do Piraí, Paraíba do Sul e a capital fluminense, com diligências em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados.

Atualizações e Situação Atual do Caso

Status Atual: Em investigação – Inquérito Policial em andamento.

Última Atualização: 26 de março de 2024.

Natureza dos Procedimentos:

• Inquérito Policial nº 5002132-76.2024.4.02.5106 – Justiça Federal – 2ª Vara Federal de Volta Redonda/RJ.

Órgão Judiciário Envolvido: Justiça Federal – 1ª Instância.

Órgão Acusador: Ministério Público Federal (MPF).

Alvos da Investigação: Empresários, agentes públicos da gestão anterior e empresa contratada para serviços hospitalares durante a pandemia.

Fatos Investigados:

• Irregularidades em processo de dispensa de licitação.

• Contratação de empresas de fachada para fornecimento de serviços.

• Superfaturamento na aquisição de equipamentos hospitalares.

• Lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial.

Situação Processual:

• O inquérito permanece em fase investigativa, com análise dos materiais apreendidos.

• Até maio de 2025, não houve denúncia formal por parte do MPF.

• A Controladoria-Geral da União (CGU) acompanha a apuração por meio de auditorias específicas.

Denúncias e Interações Institucionais:

• O caso foi iniciado com base em denúncia anônima e relatório preliminar da CGU.

• A atual gestão municipal de Volta Redonda comunicou que os contratos sob investigação pertencem à administração anterior e que colabora com as investigações.

Considerações Éticas e Relevância para o Setor

O caso investigado na Operação Vírus expõe fragilidades relevantes no controle de contratações emergenciais em períodos críticos como o da pandemia. A utilização indevida da dispensa de licitação, associada à atuação de empresas de fachada, evidencia riscos éticos significativos e compromete a eficiência e a legitimidade da gestão pública da saúde.

A ausência de controle adequado em momentos de emergência sanitária não pode justificar a flexibilização da integridade. O desvio de recursos públicos que deveriam ser destinados a hospitais de campanha e equipamentos essenciais coloca vidas em risco e fragiliza ainda mais a confiança pública nas instituições.

O caso reforça a importância de sistemas de compliance estruturados nos entes públicos, inclusive em contextos de excepcionalidade, com auditorias independentes, rastreabilidade contratual e proteção ativa aos canais de denúncia.

Conclusão

O Instituto Ética Saúde considera que o caso da Operação Vírus deve servir de alerta quanto à necessidade de rigor nos controles e na responsabilização de práticas irregulares, mesmo em contextos emergenciais. A integridade na gestão pública, sobretudo em momentos de crise, é indispensável para assegurar que os recursos sejam efetivamente aplicados no atendimento da população, com qualidade, legalidade e responsabilidade.

Seguiremos acompanhando o caso, cobrando das autoridades envolvidas a conclusão das investigações, a responsabilização dos agentes e a recuperação dos valores desviados. O combate à corrupção na saúde exige ação coordenada e permanente para proteger o direito fundamental à saúde com equidade e ética.


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