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OPERAÇÃO H. PYLORI: FRAUDE EM CONTRATOS PÚBLICOS NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS HOSPITALARES EM MEIO À PANDEMIA

Publicação: 01/07/2025 Status: Em investigação Servidores públicos do Hospital Federal de Bonsucesso, empresários e representantes da empresa contratada.
OPERAÇÃO H. PYLORI: FRAUDE EM CONTRATOS PÚBLICOS NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS HOSPITALARES EM MEIO À PANDEMIA

Contextualização do Caso

No dia 1º de julho de 2025, a Polícia Federal deflagrou a Operação H. Pylori, com o objetivo de apurar fraudes em contratos emergenciais firmados pelo Hospital Federal de Bonsucesso, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), durante o ano de 2020, no contexto da pandemia de Covid-19. A ação foi conduzida em cooperação com o Ministério Público Federal (MPF), a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal do Brasil (RFB).

As investigações apontam para a existência de contratações fraudulentas e direcionadas, em especial com uma empresa sem autorização da Anvisa para atuar no segmento de saúde à época e que havia sido registrada como gráfica, sem funcionários, poucos meses antes da contratação. A dispensa de licitação foi justificada com base na emergência sanitária, mas os elementos levantados indicam simulação de processo competitivo, superfaturamento e favorecimento.

Foram identificados dois contratos principais, envolvendo o fornecimento de luvas cirúrgicas e do medicamento Omeprazol, com valores considerados excessivos até mesmo para o contexto de pandemia. A consulta de preços foi considerada simbólica, restringindo-se a participantes previamente informados sobre a contratação.

O nome da operação faz referência à bactéria H. pylori, associada a infecções estomacais tratadas com Omeprazol, símbolo das fraudes investigadas.

Atualizações e Situação Atual do Caso

Status Atual: Em investigação – Inquérito Policial em andamento.

Última Atualização: 1º de julho de 2025.

Natureza dos Procedimentos:

• Inquérito Policial Federal nº não divulgado – em curso na Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Órgãos Envolvidos:

• Polícia Federal (PF) – Superintendência Regional no Rio de Janeiro

• Controladoria-Geral da União (CGU)

• Ministério Público Federal (MPF) – Procuradoria da República no Rio de Janeiro

• Receita Federal do Brasil (RFB)

Investigados: Servidores públicos do Hospital Federal de Bonsucesso, empresários e representantes da empresa contratada.

Fundamentos da Investigação:

• Dispensa de licitação com simulação de concorrência.

• Contratação de empresa sem autorização sanitária e sem capacidade operacional.

• Superfaturamento de insumos hospitalares em contexto emergencial.

• Favorecimento e direcionamento contratual.

Situação Processual:

• Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Petrópolis e Teresópolis (RJ).

• A CGU confirmou a existência de simulação nos processos de contratação.

• Os investigados poderão responder por peculato, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Denúncias e Interações Institucionais:

• A CGU disponibilizou o canal oficial Fala.BR para o recebimento de denúncias, inclusive de forma anônima.

• O Hospital Federal de Bonsucesso não se manifestou oficialmente até o momento da publicação.

Considerações Éticas e Relevância para o Setor

O caso retratado pela Operação H. Pylori revela um padrão recorrente de fragilidade institucional e oportunismo em contextos de emergência sanitária, nos quais a flexibilização das normas contratuais, embora legalmente permitida, é manipulada para benefício indevido de particulares e empresas inaptas.

A utilização de empresas de fachada, ausência de concorrência efetiva e valores incompatíveis com o mercado sinalizam um desvirtuamento dos princípios constitucionais que regem a administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O fato de as irregularidades terem ocorrido em um dos principais hospitais federais do país, em plena crise sanitária, agrava a dimensão ética do episódio. Tal contexto impõe a necessidade de revisão urgente dos mecanismos de controle, compliance e rastreabilidade em contratações públicas, especialmente no setor saúde.

Conclusão

O Instituto Ética Saúde manifesta preocupação com os indícios de fraudes sistêmicas nos contratos emergenciais analisados pela Operação H. Pylori, reforçando o papel central da governança, integridade e transparência na gestão da saúde pública.

A atuação de órgãos como a PF, MPF, CGU e Receita Federal é essencial para coibir práticas que desviam recursos da assistência à população, sobretudo em momentos de vulnerabilidade como o enfrentado durante a pandemia.

O Radar da Ética seguirá monitorando os desdobramentos deste caso, reafirmando seu compromisso institucional com o fortalecimento da cultura de integridade e o combate permanente a condutas lesivas no setor saúde.


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